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Desvendando o Playbook - Shallow Cross

Nesta série iremos explicar algumas das táticas utilizadas no futebol americano para que você possa conhecer mais detalhadamente como o esporte funciona e como ler as jogadas que ocorrem no campo.


Shallow cross ou cruzamento raso é uma forma de passe no futebol americano, sendo considerada uma das melhores jogadas, uma vez que qualquer quarterback e qualquer recebedor são capazes de realizá-la com eficiência.


Robert Patrick Petrino foi o difusor desse estilo de passe. Petrino atuou principalmente como head coach no college mas também chegou a atuar como técnico do Atlanta Falcons na temporada de 2007.


Uma das principais razões pelas quais Petrino foi contratado foi para desenvolver o quarterback Michael Vick em um jogador mais completo, pois Vick era mais conhecido por sua capacidade de correr do que como um passador. Sua passagem pelo time de Atlanta, entretanto, não foi tão eficiente, tendo saído no mesmo ano após uma campanha de 3-10.


Contudo, Petrino teve uma carreira exemplar no college e com isso surgiu o Shallow Cross mais utilizado.


A versão de Petrino traz essencialmente a junção de uma abordagem de estilo profissional com uma sensibilidade universitária, pois as leituras são simples, mas há nuances incorporadas para que funcione contra quase qualquer cobertura.


Este conceito coloca muita pressão nos linebackers e os faz defender todo o espaço.

Basicamente uma shallow cross é um passe de 1 a 3 jardas acima do campo e depois para o lado.


Como em todas as rotas de cruzamento, o recebedor poderá ficar no primeiro espaço aberto em uma defesa de zona ou continuar correndo contra a cobertura homem a homem.


Olhando para essa jogada, podemos ver que basicamente os center, guards, right tackle e left tackle farão os bloqueios para o passe, ou seja, irão fazer a contenção dos jogadores da linha defensiva para que o quarterback possa fazer seu passe.


Em contrapartida, temos o recebedor identificado como S que irá fazer uma rota vertical de 10 a 12 jardas atraindo a cobertura homem a homem e continuar avançando, ou caso seja uma cobertura por zona, deverá avançar e se manter no local para continuar atraindo a marcação. Já o jogador X fará uma rota vertical, sendo uma clara rota out.

O jogador T poderá fazer uma rota flat ou mesmo ficar no pocket para ajudar no bloqueio de passe. Ainda o recebedor Z faz uma rota vertical com posterior quebra, onde poderá encontrar um campo aberto e receber o passe caso o shallow cross não seja possível.


O jogador mais relevante nessa jogada é o recebedor Y que de fato faz a shallow cross, ou seja, passa imediatamente pelas costas do defensive end/defensive tackle mas sem muita profundidade, com o máximo de 1 a 3 jardas, então corre pela horizontal próximo aos tackles que estão sendo "distraídos" pela linha ofensiva. Assim receberá o passe e poderá seguir até o máximo de avanço das jardas.


E por fim mas não menos importante o jogador 1 é o quarterback que diante dessa formação e conforme a leitura da defesa terá como primeira opção o recebedor Y, depois o S em profundidade e o Z na diagonal.



Vantagens da Shallow Cross


É uma forma de obter “velocidade no espaço” sem precisar de um braço forte no seu quarterback.


Funciona contra quase todas as coberturas e jogar alguns desses passes tende a abrir grandes jogadas no campo à medida que os defensores se aproximam, fazendo uma leitura equivocada de um passe curto.


Tradicionalmente, as ofensivas de Andy Reid têm sido vistas como ataques de passe de controle de bola eficientes (a definição de West Coast). A versão do Kansas City Chiefs de 2017 manteve-se fiel a esse mantra, mas também adicionou ênfase no jogo de passes verticais, o que faz sentido já que até então um dos melhores jogadores do time, Tyreek Hill, é um dos jogadores mais rápidos da NFL.

Uma das maneiras pelas quais Reid fez isso foi implementando diferentes versões do Shallow Cross.

Este conceito espaça uniformemente cinco zonas inferiores. Quando uma defesa joga com um único safety alto, ela só pode alocar quatro defensores para essas zonas inferiores.


O diagrama ao lado mostra como o ataque tem uma vantagem numérica sobre o meio do campo se a defesa cobrir a frente da jogada.


Caso as defesas joguem com dois safeties altos, para evitar os passes profundos, o time fará um ajuste na rota para obter uma vantagem vertical no campo.


Os receptores externos correrão na vertical para afastar os safeties, vai esticar a responsabilidade do linebacker do meio, que deve se distrair com a rota de arrasto mais baixa.


Em resumo este é um grande exemplo da qualidade de técnica do college, pois às vezes você não precisa adicionar uma nova peça, você pode encontrar respostas para diferentes coberturas ajustando as rotas dos seus recebedores em seus conceitos básicos.


Por Daniela Germano


Fotos: Reprodução USA Football e Smart Football


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